domingo, 21 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
OBSERVAÇÃO DE AVES (OUTUBRO 2010) (Anexos)
Certamente que no novo modelo por mim adoptado recentemente para enumerar as aves que observo no estuário do Cávado durante o mês anterior (lista anotada e ilustrada), não seria conveniente incluir o registo de novas espécies, devido à quantidade de informação com que assinalo essas ocorrências. Por tal, sempre que for “presenteado” com novas inscrições na minha lista, como os casos que se seguem, irei fazê-lo em anexos à lista principal (num post separado).
Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de PASSERIFORME
Na manhã de 28 de Outubro, dia de algum sol mas com a maré pouco favorável para procurar limícolas ou outras aves aquáticas, aproveitei a disponibilidade para dirigir a atenção à zona sul do estuário, onde já se “instalaram” os habituais e indesejados passarinheiros em busca de fringilídeos, sobretudo os do género Carduelis.
À “boleia” destes tentei, de certa forma, avaliar o estado das populações de Pintassilgos (Carduelis carduelis) e, principalmente, averiguar se ainda era detectada a passagem dos raros Lugres (Carduelis spinus). Os primeiros, apesar da aparente diminuição, ainda vão sendo capturados e casualmente observados, no entanto não tem havido qualquer notícia da ocorrência dos segundos. Recordo que, conforme indiquei logo na Parte I do meu estudo sobre a avifauna do Estuário do Cávado, aqui apresentado no decorrer do ano de 2009, além daquelas duas, também podem ser encontradas nas imediações desta zona húmida outras cinco espécies da família Fringillidae: - os Tentilhões (Fringilla coelebs), cuja chegada se aguarda para breve, os Chamarizes (Serinus serinus), os Pintarroxos (Carduelis cannabina) e os Verdilhões (Carduelis chloris), todos comuns e registados em Outubro último,
e, para completar o total de sete aves já identificadas, ainda há a apontar os ocasionais Bicos-grossudos (Coccothraustes coccothraustes), que não observo por cá há já vários anos. Saliente-se, contudo, que em Junho deste ano a “teleobjectiva” atenta do Sérgio Esteves, um dos mais dedicados, hábeis e bem sucedidos fotógrafos da natureza da nossa região, captou o invulgar encontro com um indivíduo desta espécie no pinhal de Fão.
Mas, tal como referia no início, naquele dia montei abrigo numa zona muito concorrida para a passagem destas aves coloridas. Intimamente, não exclui a hipótese de reencontrar alguma das menos comuns ou até de descobrir a presença de uma das restantes três espécies de fringilídeos que ocorrem regularmente no território continental nacional. O Cruza-bico (Loxia curvirostra) será aquela que menor probabilidade terá de ser avistada no litoral, dada a sua tendência para frequentar serras altas como as do nosso Parque Nacional. Mas ainda havia a considerar a remota possibilidade de surgirem nos habitats característicos desta região, onde a água é um elemento abundante, o Tentilhão-montês (Fringilla montifringilla), até agora ausente destas paragens, e outro sobre o qual já desenvolvi aqui algumas linhas, o Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula).
Nunca avistado por mim a sul da mata do Camarido em Caminha, ainda assim mantinha a secreta esperança de um dia acrescentá-lo à minha lista, até que naquele dia de Outono, conforme se pode verificar nas imagens, me surgiu esta tímida fêmea que, apesar das cautelas, ainda se deixou fotografar durante alguns segundos.
Esta ave não está, obviamente, tão ameaçada como um seu parente próximo, o ilustre Priolo da ilha de São Miguel nos Açores, pois a sua situação é considerada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal como «Pouco Preocupante». De qualquer modo a SPEA classifica-a de residente e invernante pouco comum. Também não consta na Lista de espécies de aves referenciadas para o PNLN, mas esperemos que as suas visitas passem a ser mais frequentes.
Registo da passagem de GAIVINAS e ANDORINHAS-DO-MAR
Dado que em quase 14 anos e até à última passagem migratória apenas tinha identificado neste estuário três das nove espécies de gaivinas e andorinhas-do-mar que, segundo a SPEA, ocorrem regularmente em Portugal Continental, no decorrer da primeira metade de Outubro último dediquei várias horas a fazer registos fotográficos (e nada mais do que isto) dos muitos indivíduos desta família (Sternidae) que eram observados a subir o rio. Assim, através de comparação rigorosa das imagens obtidas, procurei identificar no Cávado alguma das outras seis espécies, sobretudo entre as três mais prováveis.
Desde logo, naquele grupo de nove espécies, todas constantes no ANEXO A-I da Directiva Aves (aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial), praticamente declinei a hipótese de ocorrência das mais raras, a saber: - a Gaivina-de-bico-preto (Gelochelidon nilotica), estival e migradora de passagem pouco comum, o Garajau-grande (Sterna caspia), invernante e migrador de passagem pouco comum, e a Gaivina-rosada (Sterna dougallii), migradora de passagem rara. No entanto, considerei que entre as migradoras já habituais e que passavam naqueles dias pela região, ou seja, a Andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons), a Andorinha-do-mar-comum (Sterna hirundo) e o Garajau-comum (Sterna sandvicensis),
poderia ser encontrada alguma das restantes três que ainda não estavam “registadas” na lista da avifauna local. A Gaivina-dos-pauis (Chlidonias hybrida), estival e migradora de passagem com estatuto de Criticamente em Perigo e que, segundo alguma literatura fidedigna, apenas é regular no estuário do Tejo, permaneceu por localizar na faixa litoral norte. Por sua vez, a Andorinha-do-mar-árctica (Sterna paradisaea), migradora de passagem pouco comum, conhecida por ser a ave que empreende as mais longas migrações (desde a Gronelândia até à Antárctida), apesar de ter sido vista no final de Setembro para os lados da cidade invicta e de, segundo a informação insuspeita do portal http://www.avesdeportugal.info/, “poder ser observada em passagem pela foz do Cávado”, também não foi por mim detectada no litoral de Esposende, ou, se o foi, não a consegui distinguir da extremamente parecida Andorinha-do-mar-comum.
Faltava analisar a última e a mais forte das possibilidades para inscrever mais uma espécie na nossa avifauna: - a pequena migradora de passagem Gaivina-preta (Chlidonias niger), única ave desta família que apresenta mancha escura nos ombros (verificar nas imagens seguintes).
Desde os primeiros dias do mês, ao lançar um olhar mais atento para o “trânsito” sobre o Cávado, percebia-se, mesmo a longa distância, o corrupio em que andavam umas “gaivotas em miniatura” diante do molhe do Caldeirão em Fão. Estas aves percorriam com determinação toda a extensão do estuário desde a foz até à ponte da auto-estrada de onde retrocediam invariavelmente, mas, ainda antes de se afastarem daquele local, mantinham-se por ali aos círculos a “picar” as águas enquanto se alimentavam de insectos, fazendo deste o melhor local para as observar e confirmar em absoluto a sua ocorrência na área em estudo.
A par da Andorinha-do-mar-árctica, a Gaivina-preta está entre as várias espécies da Ordem dos Charadriiformes que não surgem no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, no entanto, a UICN considera o seu estado de conservação a nível mundial como «Pouco Preocupante». A SPEA também a classifica de Migradora de Passagem «Comum» mas, ainda assim, não consta na «Lista de aves referenciadas para o Parque Natural do Litoral Norte» na respectiva caracterização biológica.
E eu próprio, empenhado em saber mais sobre estas aves tão interessantes, prometi a mim mesmo estar mais atento à sua passagem nas próximas migrações…
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
OBSERVAÇÃO DE AVES (OUTUBRO 2010)
Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes
Segue-se, conforme o anunciado no último post, a relação de todas as espécies registadas por mim na referida área no decorrer do último mês:
(Notas: as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(Notas: anotações a azul)
(Notas: as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM
Ordem Podicipediformes
Família Podicipedidae
Tachybaptus ruficollis (Mergulhão-pequeno) – 1 junto ao cais do Caldeirão
Podiceps nigricolis (Mergulhão-de-pescoço-preto)
Ordem Pelecaniformes
Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas)
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Bubulcus ibis (Garça-boieira) – as 2 primeiras chegaram no dia 5, o número aumentou substancialmente até final do mês, mas ainda estarão muitas mais para chegar
Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)
Ardea cinerea (Garça-real)
Família Threskiornithidae
Platalea leucorodia (Colhereiro) – apenas 1 que surgiu no dia 10 e durante alguns dias foi visto em vários pontos do estuário
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Anas penelope (Piadeira) – desde o início do mês
Anas strepera (Frisada) – desde o início do mês
Anas crecca (Marrequinho) – desde o início do mês
Anas platyrhynchos (Pato-real) – notado um grande aumento das populações selvagens
Ordem Accipitriformes
Família Accipitridae
Circus aeruginosus (Tartaranhão-dos-pauis) – enquanto a fêmea que tem frequentado a parte sul do estuário deixou, estranhamente, de ser avistada este mês, na terceira semana passou a ser observado um macho que se instalou nos juncais e nas zonas mais próximas da foz, onde passa os dias a caçar
Circus spp. – Na madrugada do dia 5 foram observados dois espécimes desta família em plena actividade predatória entre o juncal e a “língua” de areia que se situa a jusante da ponte velha; as condições de visibilidade não foram as melhores, mas as aves eram notadamente mais pequenas que a espécie anterior – não é impossível que fosse um casal de Circus pygargus (Tartaranhão-caçador) – não confirmado
Accipiter nisus (Gavião)
Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda)
Família Pandionidae
Pandion haliaetus (Águia-pesqueira) – a primeira “aparição” registou-se no dia 5 e desde então tem-se mostrado em excelente forma; as duas últimas imagens mostram o momento em que perdeu o punhado de penas na asa esquerda, altura em que uma gaivota a obrigou a uma aterragem de emergência, logo após a captura de mais uma “senhora” tainha; mudou de local de caça em relação aos últimos anos: - dos planos de água mais próximos da foz mudou-se para “entre pontes”; no dia 10, de um único “mergulho” trouxe dois peixes nas garras, mas, para se elevar, teve necessidade de abandonar de um
Ordem Falconiformes
Família Falconidae
Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)
Falco subbuteo (Ógea) – observada, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer, até ao final do mês
Ordem Gruiformes
Família Rallidae
Gallinula chloropus (Galinha-d’água)
Fulica atra (Galeirão)
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira)
Pluvialis apricaria (Tarambola-dourada)
Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta)
Vanellus vanellus (Abibe)
Família Scolopacidae
Calidris canutus (Seixoeira) – no dia 10 foi observado um indivíduo com o vistoso “fato de casamento” ainda completo
Calidris alpina (Pilrito-comum)
Gallinago gallinago (Narceja) – um grande aumento ao longo do mês
Limosa limosa (Maçarico-de-bico-direito) – restaram-se poucos indivíduos
Limosa lapponica (Fuselo) – começou a rarear nos últimos dias
Tringa totanus (Perna-vermelha)
Tringa nebularia (Perna-verde) – aumento ao longo do mês
Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)
Arenaria interpres (Rola-do-mar)
Família Laridae
Larus ridibundus (Guincho)
Larus cachinnans (Gaivota-de-patas-amarelas)
Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura)
Família Sternidae
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Columba livia (Pombo-da-rocha ou Pombo-doméstico)
Columba palumbus (Pombo-torcaz) – apenas 1
Streptopelia decaocto (Rola-turca)
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba (Coruja-das-torres)
Família Strigidae
Na primeira semana foi recolhida pelos vigilantes do PNLN uma Asio flammeus (Coruja-do-nabal), atropelada na margem direita próximo da Solidal; foi transportada para o Parque Biológico de Gaia onde se espera a sua recuperação
Ordem Apodiformes
Família Apodidae
Apus apus (Andorinhão-preto) – números muito reduzidos
Ordem Coraciiformes
Família Alcedinidae
Alcedo atthis (Guarda-rios)
Ordem Piciformes
Família Picidae
Picus viridis (Peto-verde)
Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)
Ordem Passeriformes
Família Alaudidae
Alauda arvensis (Laverca)
Família Hirundinidae
Hirundo rústica (Andorinha-das-chaminés) – números muito reduzidos
Família Motacillidae
Anthus pratensis (Petinha-dos-prados) – as primeiras, ainda poucas, apenas foram observadas a partir do dia 17
Motacilla flava (Alvéola-amarela) – números reduzidos e sobretudo juvenis
Motacilla alba (Alvéola-branca) – grande aumento ao longo do mês
Família Troglodytidae
Troglodytes troglodytes (Carriça)
Família Prunellidae
Prunella modularis (Ferreirinha)
Família Turdidae
Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo) – grande aumento ao longo do mês
Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto) – grande aumento ao longo do mês
Luscinia svecica (Pisco-de-peito-azul) – depois dos muitos indivíduos em passagem, restaram-se alguns casais no juncal que se preparam para passarem o Inverno entre nós
Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
Turdus merula (Melro-preto)
Turdus philomelos (Tordo-músico)
Família Sylviidae
Cettia cetti (Rouxinol-bravo)
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto) – aumento ao longo do mês
Phylloscopus collybita (Felosa-comum) – grande aumento ao longo do mês
Família Muscicapidae
Muscicapa striata (Papa-moscas-cinzento) – apenas nos primeiros dias do mês
Ficedula hypoleuca (Papa-moscas-preto) – apenas nos primeiros dias do mês
Família Paridae
Parus ater (Chapim-preto)
Parus caeruleus (Chapim-azul) – observado e fotografado no dia 21; de salientar que este é apenas o meu segundo registo desta espécie em pleno estuário do Cávado
Parus major (Chapim-real)
Família Aegithalidae
Aegithalos caudatus (Chapim-rabilongo)
Família Corvidae
Garrulus glandarius (Gaio)
Pica pica (Pega)
Julgo ser interessante referir aqui que, embora seja apenas ocasional neste estuário, nas zonas de influência agrícola de Fonte Boa e Rio Tinto pode ser observada com relativa facilidade a Corvus corone (Gralha-preta)
Família Sturnidae
Sturnus vulgaris (Estorninho-malhado) – agora em grande número
Sturnus unicolor (Estorninho-preto)
Família Passeridae
Passer domesticus (Pardal-comum)
Família Estrildidae
Estrilda astrild (Bico-de-lacre) – aumento bem notado
Família Fringillidae
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Família Emberizidae
Emberiza cirlus (Escrevedeira-de-garganta-preta) – apenas pelo pinhal
Emberiza schoeniclus (Escrevedeira-dos-caniços) – são já vários os indivíduos que chegaram ao juncal para invernar; apesar da péssima qualidade da imagem que se segue, não resisto em mostrar um vislumbre de tão ilustre espécie
ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Cygnus olor (Cisne-mudo) – o mesmo desde há vários meses (ver sumários anteriores)
Branta leucopsis (Ganso-de-faces-brancas) – 2 no extremo norte do estuário no dia 4
Tadorna ferrugínea (Pato-ferrugíneo) – o mesmo par do mês anterior
Cairina moschata (Pato-mudo) – domesticados na zona ribeirinha de Fão
Anas sibilatrix (Piadeira-do-chile) – o mesmo suposto híbrido desta espécie com a Anas americana (Piadeira-americana)
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