quarta-feira, 21 de março de 2012

OBSERVAÇÃO DE AVES (FEVEREIRO 2012) (Anexo)

Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de CHARADRIIFORMES

 
Família Laridae
 
De entre as vinte * espécies de Gaivotas (família Laridae) identificadas em Portugal Continental só uma é considerada residente – a Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) que atualmente já se reproduz no litoral norte. À semelhança de toda a nossa costa, no Estuário do Cávado são também muito comuns a Gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus) e o Guincho (Chroicocephalus ridibundus), contudo, apesar de serem observadas durante todo o ano, estas apenas aqui ocorrem na qualidade de invernantes ou migradoras de passagem. Com igual estatuto fenológico, mas muito mais escassas, ainda frequentam esta zona húmida a Gaivota-de-cabeça-preta (Ichthyaetus melanocephalus) e a, principalmente invernante, Gaivota-parda (Larus canus). A sexta e última espécie por mim já detetada na foz do Cávado é o pouco comum e difícil de localizar Gaivotão-real (Larus marinus).
 
As restantes catorze espécies, boa parte delas recentemente encontradas por outros ornitólogos nos vizinhos estuários do Minho, Lima, Ave e Douro, ou até em habitats humanizados associados a grandes planos de água como o parque da cidade e o porto de mar da Póvoa de Varzim, dividem-se entre acidentais e regulares raras. Foi nesta condição que outros observadores já registaram no litoral de Esposende a Gaivota-de-sabine (Larus sabini), a Gaivota-hiperbórea (Larus hyperboreus), a Gaivota-polar (Larus glaucoides), a Gaivota-tridáctila (Rissa tridactyla) e uma espécie americana que há muito “perseguia”, pois multiplicavam-se as suas ocorrências nesta região.
 
Até que na manhã do dia 18 de fevereiro de 2012 reparei numa gaivota ligeiramente menor do que as habituais a descansar entre as congéneres nos bancos de areia ao longo da margem direita junto à ponte de Fão. Registei o momento através de fotografia.



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não havia dúvida de que estava perante a minha primeira observação, e logo de um indivíduo adulto, da Gaivota-de-bico-riscado (Larus delawarensis). Esta espécie, que não consta no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, está definida com o estatuto de conservação global de «Pouco Preocupante» pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e na imagem que se segue está bem ilustrada que a sua área de distribuição global se resume ao outro lado do Atlântico.



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar disto, esta é uma típica espécie divagante que surge com relativa frequência nas costas europeias, sobretudo no inverno.
 
Como não poderia deixar de acontecer, durante o mês de fevereiro de 2012 ainda observei no estuário do Cávado e em números muito elevados as três primeiras espécies aqui referidas. Nos dias 9 (um adulto anilhado) e 19 (um 1º. inverno) também foi registada a presença da Gaivota-de-cabeça-preta e ainda no dia 9 foi observado um 1º. inverno de Gaivota-parda.
 

 
* Segundo Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa